Estávamos seis pessoas relativamente presas a uma sala sem muito o que fazer. Nossa única obrigação comum incluía a fatídica pergunta a desconhecidos "De que cor é seu filho? Amarelo, Pardo, Negro..."
Como não podia deixar de ser, muitos dos questionados ficavam perdidos ou desconfiados com a pergunta, e finalmente nós seis começamos a comentar a velha problemática do fenótipo do brasileiro (acho que isso não se aplica só a nós, mas comentávamos o caso nacional). Falamos, obviamente, mal, pois não conheço uma pessoa que não concorde que há problemas nessas classificações não importa como a organizemos. Mas logo uma amiga estourou assumindo que falávamos, por isso, necessariamente mal das cotas, e até do ProUni. Bom, teve gente para imediatamente encarar a discussão sem valorizar que estávamos até ali falando muito tranquilamente sobre algo relativamente consensual, sem gerar cansaço e, por isso mesmo, sem deixar um dia insuportavelmente quente ainda mais acalorado.
O raciocínio equivocado (quem critica a classificação fenotípica usada por políticas públicas só pode discordar e odiar essas políticas) foi comprado, e se instalou uma discussão inútil: como sempre, ninguém se convenceu de nada diferente do que já pensava antes. Prevendo esse resultado, por a coisa já ter começado ilogicamente torta, não me meti. Mas antes eu estivera falando mal da categorização fenotípica, portanto fui automaticamente contado como anti-(quaisquer-sob-qualquer-circunstância-inapelavelmente)cotas. Tudo isso sem nunca ter expressado uma opinião sobre esse assunto.
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