terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Decidindo as leis, ou Kafka, meu filho, cadê você?!

Os clichês têm sempre aparência apática, desde que expressos genericamente. Mas são interessantes em suas encarnações isoladas. Por exemplo, que os políticos brasileiros debocham de todos em suas práticas diárias ou que não sabemos dar valor à política são expressões genéricas e tediosas de um clichê bem conhecido. Só que uma notícia da Folha de São Paulo mostrando que basicamente os deputados de SP não trabalharam NADA no último semestre de 2010 reúne casos particularmente emocionantes desse clichê.

Eu queria fazer uma pequena nota sobre uma frase do próprio jornalista, porém, antes de citar a frase climática de um político. O redator da matéria escreveu que uma decisão sobre leitos do SUS e "o aumento do salário do governador, que elevou o teto do funcionalismo e gerou gasto extra de R$ 425 milhões por ano" foram as duas emendas de impacto votadas nesse período. Outras 12 leis de "menor impacto", conforme o jornalista, foram votadas, seis criando cargos e seis sobre rotulagem de transgênicos. Queria indicar isso como encarnação de não darmos valor à coisa toda. Não é estranho que se possa caracterizar uma nova lei como "de menor impacto"? Como se a criação de cargos não fosse um de nossos principais problemas políticos, tanto no sentido amplo quanto nos gastos públicos indevidos, e como se a rotulagem de transgênicos não nos afetasse de diferentes formas, no consumo, na informação do público, no comércio, na produção que com eles compete...

Agora, a pérola-mor, claro, é de um político. Sobre eles terem tirado a maior folga possível e quase tudo que se tenha decidido tenha, por consequência, sido resolvido sem debate porque, supostamente, eles precisavam SE AFASTAR DO TRABALHO para caçar votos, o deputado Vaz de Lima disse que "Se esse é o custo da democracia, é muito barato. É natural ter que ir atrás do eleitor"! 

AAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRGGGGGGGGGGGHHHHHH!!!!

Pra quem não conhece o autor da frase: Vaz de Lima (PSDB)

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