A poesia tem dois fins siameses: falar sobre o que parecia inominável e tornar o cotidiano algo indizível, por meio de derradeiras palavras, sempre insuspeitas. De uma forma ou de outra, a poesia, aquela que toca seus leitores tornando poemas-sombras tudo o mais que é meramente em verso, meramente egocêntrico, meramente rimado, essa poesia de impossível paráfrase é a palavra final, ainda que sempre repetida. E a última vantagem de citar poemas para dizer o que não podemos expressar por nossa retórica amadora é que a poesia não precisa falar daquilo de que aparentemente trata. Ou seja, não falo aqui da morte de ninguém:
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
Wystan Hugh Auden
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