É difícil ser mais bitolado hoje do que se falando em modernidade líquida, velocidade e virtualidade disso ou daquilo. A menos que se esteja conversando com pessoas que nunca pensaram sobre a própria cultura (e não sejam nada instrospectivas ou intelectualistas), poucas afirmações podem ser mais óbvias do que essas. Pior ainda é se falar sobre a falta absoluta de verdades, tudo ser relativo, ou - o cúmulo - "hoje a gente vive na era da Internet"!
Não entendo como ainda se aceite que alguém, em 2012, esteja descobrindo a Internet. É tanto uma ferramenta quanto um fenômeno cultural batido. Não bastasse tudo isso, a maioria dos usos dela continua sendo uma recauchutada dos usos de ferramentas mais antigas, portanto grande parte do discurso sobre a Internet é meramente um elogio deslumbrado e ignorante.
Assim, ser convidado a me deslumbrar com a "cultura da nossa época" no sábado é simplesmente uma das piores notícias que eu poderia receber. É de doer ter que fingir que a "multiplicadade" e as incertezas contemporâneas são notícias, apaixonantes ou desesperadoras. Ainda se fosse alguém demonstrar quanta constância há nessa inconstância, quanta verdade há sob esse relativismo, não seria novidade, mas seria de se respirar um pouco.
Mas não, seguimos sendo "continuamente formados" por pessoas que não reciclam o cerne do próprio discurso (ainda que usem exemplos novos) desde 1970 - e o formato dos comentários desde 1990. Os empregadores têm razão: ou atrelam o salário do profissional a fazer "formações continuadas", ou não tem quórum.
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